quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Os Delírios de Consumo de Becky Bloom, um livro que toda mulher deveria ler.


Minha mãe tem uma espécie de brincadeira com os netos. Ela diz que os ama e pergunta se eles imaginam o tamanho do amor dela por eles. Invariavelmente o amor dela é do tamanho da lua ou do mar. Se me perguntassem o quanto eu gostei de Os Delírios de Consumo de Becky Bloom, minha resposta seria a mesma.

Rebecca Bloom é uma jornalista que trabalha numa revista de economia e finanças e que possui uma compulsão nada salutar por compras, por consequência não consegue controlar seu próprio orçamento. Com dívidas até o pescoço, ela usa várias desculpas esfarrapadas para evitar as cobranças. Becky é hilária, extremamente atrapalhada; a gente não consegue acreditar nas confusões em que ela se mete... É como se ela vivesse em um faz-de-conta constante, imaginando um futuro sempre positivo. Ela é otimista, com quase nenhuma dose de realismo, e isso a torna uma personagem adorável, para dizer o mínimo.

Que mulher não adoraria esquecer que existem consequências e sair comprando toda coisa linda que vê pela frente? Ainda mais se existir aquela palavrinha mágica em letras garrafais, “LIQUIDAÇÃO"? Uma bota, um sapato, uma saia, um vestido, uma camisa, um óculos de sol, maquiagem? Eu adoraria! Aí vem a realidade e me acerta como uma enxada na cara. Eu sempre devolvo peças nos caixas das lojas de departamento, assim que eu vejo o total. Becky Bloom simplesmente não tem esse botão de bom senso, não em relação a compras. É um vício, puro e simples.

Sophie Kinsella tem um estilo de escrever muito parecido com o de Helen Fielding, a autora de O Diário de Bridget Jones. As duas personagens são engraçadas e tem dois pretendentes, e eles sempre são interessantes, com bons empregos, inteligentes e com uma boa grana. Mas realmente, ninguém escreve sobre se apaixonar pelo empacotador do supermercado. Além disso, as personagens trabalham com a área de comunicação social, como jornalismo e relações públicas, que erroneamente são consideradas glamourosas.

As escritoras inglesas tem sido perfeitas em escrever sobre o universo feminino, sobre nossas neuras, sonhos, desejos e medos. E fazem isso de uma forma engraçada, permitindo que nos vejamos representadas em suas personagens carismáticas, seja como mãe, como no caso de Melancia, seja como uma gordinha, como em O Diário de Bridget Jones, ou como uma mulher apaixonada por roupas, maquiagem e calçados como no livro de Kinsella. 


A obra foi adaptada para o cinema e apesar de eu ser uma cinéfila assumida e confessa, fã de carteirinha da sétima arte, o filme não faz jus ao livro. É engraçado, mas não tanto quanto o livro. O relacionamento de Becky com o gerente de banco, Derek Smeath, é banalizado pelo filme e é justamente uma das coisas mais engraçadas do livro. O filme dá a entender que Becky conseguiu vencer a compulsão por compras, mas é algo que a personagem ainda combaterá nos livros da série. 

O filme também peca ao minimizar o relacionamento entre Rebecca e Luke Brandon, pois o rapaz é em grande parte responsável pelo amadurecimento da jornalista no livro. Quer dizer, amadurecimento em progresso, pois Becky ainda se meterá em enrascadas hilárias. Os Delírios de Consumo de Becky Bloom é chick-lit de primeira, que recomendo veementemente. É diversão garantida em todas as páginas. Em especial uma página toda escrita em finlandês.