sexta-feira, 25 de maio de 2012

O Jardim Secreto, de Frances Hodgson Burnett

Em O Jardim Secreto, um clássico de 1911, conhecemos a arrogante Mary Lennox. Digo isso porque a jovem cresceu rodeada de criadas (aias, assim era chamada as babás) e sem zelo e atenção dos pais, que mal paravam em casa. Era feia e nem um pouco educada. Não sabia sequer se vestir sozinha.

Mas as coisas mudam quando uma doença dizima a população indiana, inclusive os pais de Mary. Agora órfã, foi trazida para a Inglaterra, para morar com o tio Archibald Craven em sua mansão. O senhor Craven, desde que perdera sua esposa em um trágico acidente, tornou-se um homem frio, distante e sem expectativas. Passava maior parte dos dias viajando.

Em seu novo lar, Mary teve que se adaptar à rotina e às regras estabelecidas pela governanta da mansão, entre elas, não bisbilhotar os mais de 100 quartos que lá haviam. Ao contrário dela, Marta, a criada, era um doce de pessoa, além de sempre ajudar a menina.

Mary, aos poucos, vai descobrindo e explorando o ambiente. Mesmo com ordens de não perambular pela casa, ela não resiste e acaba encontrando algo... ou melhor, alguém. Há tempos que ela ouvia sussurros e choros, mas sempre que perguntava a Marta o que era, esta cortava o assunto.

O que realmente inquieta Mary é o tal jardim que ela descobrira. Dizia o jardineiro que o mesmo pertencia a senhora Craven antes de sua morte. Depois disso, ordenou-se que o lugar fosse fechado. Todos foram proibidos de entrar nele e de até tocar no assunto. E os anos passaram. O jardim foi esquecido...

O Jardim Secreto é um livro encantador. Não foi preciso fadas ou duendes para que a história fosse mágica. Este foi um dos fatores que mais me chamou a atenção.

Acompanhamos também a evolução dos personagens. Mary, que no início era feia e ignorante, à medida em que ela encontra a amizade de Dickon e os encantos do jardim, mostra-se uma nova pessoa. Mais alegre, mais corada, mais aberta às outras pessoas. Na verdade, a sua mudança é o que leva os outros a mudarem. Para exemplificar, o seu tio. Se não fosse a chegada de Mary, ele continuaria a viver amargamente, mastigando o passado. “Há males que vêm para bem”.

Além de falar de amor, solidariedade, amizade, Burnett também nos mostra que todos nós temos um jardim secreto e que muitas vezes não queremos que ninguém entre nele, pois tememos que os erros e tombos do passado se repitam. Precisamos deixar que as pessoas certas cultivem o nosso jardim. Só assim poderemos florescer novamente.

A edição que eu li é da editora 34 (256 págs.), com tradução de Ana Maria Machado. Outro livro conhecido de Frances Hodgson Burnett é o A Princesinha, que também foi adaptado para o cinema.

Publicado originalmente aqui. Texto adaptado.

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